Acolhimento aos deslocados de Cabo Delgado pela Diocese de Nacala

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Acolhimento aos deslocados de Cabo Delgado pela Diocese de Nacala

  • 10/03/2021
  • By Admin: Diocese de Nacala
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Acolhimento aos deslocados de Cabo Delgado pela Diocese de Nacala, em Moçambique:
https://migrants-refugees.va/pt/blog/2021/03/09/acolhimento-aos-deslocados-de-cabo-delgado-mocambique/

 

As primeiras chegadas de deslocados de Cabo Delgado à Diocese de Nacala datam do mês de Maio de 2020. Os párocos de Namapa e Nacaroa começaram então a entrar em contacto com as pessoas em fuga daquela terra sofrida. Segundo a estatística do INGD de 7/02, os 10 distritos que compõem a diocese contam com a presença de 21.582 deslocados, dos quais o número maior é de sexo feminino e adere à religião muçulmana. Visto o rápido incremento do fluxo, é realisticamente provável que o número tenha subido para 25.000 pessoas. A maior parte das famílias foram acolhidas por parentes ou conhecidos oriundos de Cabo Delgado – a sublinhar também a diferença de língua e etnia entre os macuas de Nampula e os deslocados de etnia predominantemente Maconde e Kimuane.

Nos primeiros momentos, os Párocos tentaram organizar o apoio através de recolha de bens com os fiéis e alertando ao mesmo tempo a Cáritas diocesana de Nacala, que foi por mim individuada como o organismo diocesano responsável pela coordenação da assistência humanitária, na pessoa da Secretária Diocesana, Elena Gaboardi (Leiga missionária fidei donum) e do Assistente Eclesiástico, P. Raimundo Mário Ramane (sacerdote diocesano).

A partir do começo de Junho, a Cáritas organizou as primeiras ajudas alimentares através de pequenos fundos de emergência e, enquanto o fenómeno crescia rapidamente, elaborou-se um projecto de primeira emergência com a duração de seis meses (Julho-Dezembro 2020), que foi cofinanciado entre a Cafod, Manos Unidas e fundos próprios que se iam recebendo tanto por parte de congregações religiosas/paróquias diocesanas, quanto de benfeitores particulares estrangeiros. O mesmo projecto garantiu a distribuição mensal de alimentos, material de higiene, kits de cozinha, material de prevenção de covid-19, chegando a apoiar de forma continuada 700 famílias, em coordenação com as instituições governamentais e humanitárias, sobretudo o Programa Mundial de Alimentação (PMA), que ia assumindo gradualmente as distribuições de géneros alimentares. Reconhecendo a necessidade de apoio não só material, mas também psicológico após um evento traumático como o desterro e a perda de familiares, estruturou-se a actividade de apoio psicossocial com as crianças deslocadas através dos “Espaços amigos das crianças” e de 8 educadores capacitados em quatro distritos. A iniciativa, que envolveu 450 crianças, teve que ser readaptada respeitando as medidas de prevenção da Covid-19, pelo que se tornou domiciliar com pequenos grupos.

Nestas iniciativas todas, a rede pastoral de Padres, Irmãs e leigos comprometidos em todas as Paróquias foi envolvida em vários âmbitos (acompanhamento dos educadores, distribuições, visitas às famílias, relacionamento com as autoridades), assumindo o ministério de escuta e consolação para com estes irmãos sofridos, bem como de sinalização e acompanhamento de casos de maior vulnerabilidade (crianças não acompanhadas, órfãos, pessoas idosas sozinhas, portadores de deficiências ou doenças crónicas, etc.).

A partir do mês de Janeiro de 2021, o PMA assumiu a distribuição de alimentos em todos os distritos da Província, o que levou a nossa Diocese a orientar o apoio aos deslocados para o ano de 2021 em três vertentes, com a ajuda da CAFOD:

  •         insumos e sementes agrícolas de milho, feijão, estacas de mandioca, enxadas e catanas. O objectivo principal é fortalecer a resiliência destas famílias apostando na produção da própria comida, incluindo também as famílias acolhedoras. Infelizmente, o tempo é de fome geral devido à escassez da produção na campanha agrícola de 2020 e com a falta de chuva nesta campanha de 2021, o que colocou numa situação de extrema vulnerabilidade toda a população camponesa (85% do total) e aumentando ainda mais a pressão social. Está previsto o acompanhamento técnico através de três técnicos agropecuários.
  •         kits para a construção de casas, que serão entregues no tempo seco (de Maio para a frente). Será feito um estudo prévio para melhor orientar as ajudas, estimulando as administrações distritais à atribuição de terrenos para casa e cultivo.
  •         continuidade da iniciativa dos “Espaços amigos das crianças” para todo o ano de 2021.

Dentro deste sofrimento todo, não faltam muitos sinais do amor de Deus que nos faz levantar do chão, deixando a vida e a esperança renascerem em cada dia.

É possível encontrar algum artigo e material fotográfico das várias iniciativas no website da Diocese.

+ Alberto Vera, O.M.
Bispo da Diocese de Nacala

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